Apesar da recuperação observada no último bimestre de 2020, o setor calçadista nacional mostra preocupação quando à sustentabilidade da retomada nos próximos anos. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), a produção deve recuperar em 2021 parte do prejuízo do ano anterior, recorrente da pandemia da Covid-19.
Responsável pela geração de mais de 255 mil empregos diretos no Brasil, o setor calçadista estima uma queda de 22% na produção de 2020. Com isso, a indústria retoma o patamar de 16 anos atrás, com cerca de 710 milhões de pares produzidos, 200 milhões a menos do que no ano anterior.
Pode-se ver uma recuperação com a abertura gradual do comércio no segundo semestre deste ano. Conforme a Abicalçados, a produção deve crescer 14% em 2021, equivalente a 811 milhões de pares. O número ainda é 10% inferior ao resultado anterior à pandemia, com 908 milhões de pares registrados em 2019.
“Existe um processo de recuperação natural, com a retomada dos negócios no varejo de calçados, que responde por mais de 85% das nossas vendas totais. Porém, sabemos que o desafio mais difícil não é crescer sobre a base terrível do ano passado, é continuar sustentando uma recuperação para o setor, que vem sofrendo há muitos anos com o processo de desindustrialização provocado pelo chamado Custo Brasil”, afirma o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, em nota.
Segundo a Abicalçados, a produtividade por trabalhador no setor é maior no Brasil do que entre os principais concorrentes internacionais, como a China, o Vietnã e a Indonésia. Ainda assim, os custos produtivos elevados tiram a competitividade do produto nacional, tanto no País como no exterior. A associação defende que a indústria brasileira precisa estabelecer uma agenda de reformas estruturais mais robustas para poder competir no mercado internacional.
Fonte: Jornal do Comércio
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