Confirmando a recuperação da economia gaúcha, o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado cresceu 10,4% no ano passado, em relação a 2020, quando teve uma queda de 6,8%. O resultado é o maior dentro da série histórica iniciada em 2002, sendo que até então o maior incremento, de 8,5%, tinha ocorrido em 2013.
Além de ser comparado com a base baixa do ano anterior, o PIB gaúcho, que teve desempenho superior ao brasileiro (que aumentou 4,6%) foi impulsionado pelos bons resultados dos setores da Agropecuária (67,5%) e da Indústria (9,7%). No total, o Produto Interno Bruto do Estado somou R$ 582,968 bilhões (o que representa 6,7% do nacional). Também o PIB per capita do Rio Grande do Sul em 2021, de R$ 50.840,40 (um aumento real de 10% em relação a 2020), ficou 25% acima do brasileiro.
Quando considerado apenas o quarto trimestre de 2021, em relação ao trimestre imediatamente anterior, o PIB gaúcho teve alta de 3,3%, enquanto que na comparação com igual período de 2020 a variação foi positiva em 5%. No Brasil, o desempenho para os mesmos períodos foi de 0,5% e 1,6%, respectivamente. Os números foram apresentados nesta quarta-feira (16) pelo Departamento de Economia e Estatística, vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (DEE/SPGG).
A chefe da Divisão da Análise Econômica do DEE, Vanessa Sulzbach, salienta que o Rio Grande do Sul começou uma trajetória de recuperação na segunda metade de 2020, que seguiu ao longo de 2021, com exceção do terceiro trimestre. Dentro do setor da Agropecuária, ela detalha que, se comparado o desempenho de 2021 contra o de 2020, a soja apresentou um crescimento de 80,8%, o arroz de 6,8%, o trigo de 68,5%, o milho de 4,3% e o fumo de 19,4%. Já na Indústria, todas as atividades registraram performances positivas no ano passado, desde a Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (1,6%), passando pela Indústria extrativa mineral (4,8%), Construção (7,4%) e a Indústria de Transformação (11,8%). No comércio, os destaques foram Artigos de uso pessoal e doméstico, com alta de 30,2%, Tecidos, vestuário e calçados, 22,1%, e Artigos farmacêutico, 16,7%
Para 2022, Vanessa projeta um período de desafios para a economia gaúcha. Ela comenta que já se esperava condições macroeconômicas mais difíceis para este ano, com inflação e juros elevados e ainda eventuais desdobramentos da pandemia de coronavírus. Uma dessas consequências são novos lockdowns na China que poderão gerar dificuldade de abastecimento de alguns produtos no mercado como, por exemplo, semicondutores.
“A gente já estava prevendo isso e está acontecendo, o que a gente não previa são os efeitos das questões bélicas no Leste europeu, que também podem trazer alguns reflexos para o Estado”, diz Vanessa. Um desses impactos poderá ser sentido no setor do agronegócio, que além de ser afetado pela estiagem, pode sofrer com a falta ou os elevados custos dos fertilizantes importados.
Conforme a chefe da Divisão da Análise Econômica do DEE, se anteriormente se imaginava para 2022 que a inflação fosse continuar alta, mas cedendo até o final do ano, fechando em torno de 5%, hoje, as expectativas apontam para algo próximo a 6,5% ou até mesmo mais. Esse cenário, acrescenta Vanessa, deverá implicar um aumento adicional de juros.
Taxas de crescimento do PIB do Rio Grande do Sul e do Brasil — 4.º trim./2021
Trimestre / trimestre imediatamente anterior (com ajuste sazonal) RS: 3,3% Brasil: 0,5%
Trimestre / mesmo trimestre do ano anterior RS: 5,0% Brasil: 1,6%
Acumulado ao longo de 2021 / mesmo período em 2020 RS: 10,4% Brasil: 4,6%
Fonte: Jornal do Comércio
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