A taxa de desemprego no Brasil recuou 9,8% no trimestre móvel de março a maio de 2022, o menor nível no período desde 2015, quando ficou em 8,3%. No mesmo período do ano passado, a taxa havia ficado em 14,7%, e de dezembro de 2021 a fevereiro deste ano, em 11,2%. Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) foram divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira (30).
De março a maio, 10,6 milhões de brasileiros não tinham emprego no País, número que representa uma queda de 11,5% (menos 1,4 milhão de pessoas) na comparação com o trimestre anterior e 30,2% na comparação anual (menos 4,6 milhões de pessoas desocupadas).
O número de pessoas ocupadas teve alta de 2,4% em relação ao trimestre anterior, somando 97,5 milhões de brasileiros, um recorde da série iniciada em 2012. Outro indicador que registrou avanço foi o percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, que passou a 56,4%, contra 55,2% do trimestre anterior e 51,4% no período em 2021.
“Foi um crescimento expressivo e não isolado da população ocupada. Trata-se de um processo de recuperação das perdas que ocorreram em 2020, com gradativa recuperação ao longo de 2021. No início de 2022, houve uma certa estabilidade da população ocupada, que retoma agora sua expansão em diversas atividades econômicas”, destaca Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas por amostra de domicílios do IBGE.
Segundo Adriana, os aumentos da ocupação vêm ocorrendo em diversas formas de inserção do trabalhador, tanto entre os informais quanto entre os com carteira de trabalho. “O contingente de trabalhadores com carteira vêm apresentando uma recuperação bem interessante, já recompondo o nível pré-pandemia. Principalmente no final de 2020 e primeiro semestre de 2021, a recuperação da ocupação estava majoritariamente no trabalho informal. A partir do segundo semestre de 2021, além da informalidade, passou a ocorrer também uma contribuição mais efetiva do emprego com carteira no processo de recuperação da ocupação”, ressalta.
De acordo com a pesquisa, o número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (exclusive trabalhadores domésticos) foi de 35,6 milhões no trimestre encerrado em maio, subindo 2,8% (981 mil pessoas) frente ao trimestre anterior e 12,1% (mais 3,8 milhões de pessoas) na comparação anual.
Já a taxa de informalidade foi de 40,1% da população ocupada (ou 39,1 milhões de trabalhadores informais), contra 40,2% no trimestre anterior e 39,5% no mesmo trimestre de 2021.
Em relação aos grupamentos de atividade, Adriana destaca o crescimento da população ocupada no grupo Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais, impulsionado pelo crescimento do segmento de educação.
“Com o retorno das aulas presenciais, está havendo um processo de recomposição da estrutura educacional, não apenas com a contratação de professores, mas também de trabalhadores ligados à prestação de serviços e infraestrutura dos estabelecimentos de ensino”, explica.
A partir do 4º trimestre de 2021, começou a se observar um processo de recuperação da população ocupada em atividades como construção, indústria, agricultura e serviços relacionados à tecnologia da informação e comunicação e serviços financeiros.
Com o avanço da vacinação e o relaxamento das medidas de distanciamento social, os serviços mais presenciais, que tinham sido bastante afetados, começaram a ter um processo de recuperação mais vigoroso, principalmente os outros serviços, alojamento e alimentação, serviços domésticos, transporte e alojamento.
A coordenadora destaca que o crescimento da população ocupada foi bastante disseminado por todas as atividades: “Na comparação trimestral, apenas os grupamentos da agricultura e dos serviços domésticos não tiveram crescimento, ficaram na estabilidade. E na comparação, somente a agricultura não cresceu, ficando estável também”.
Rendimento do trabalhador cai 7,2% no ano
O rendimento real habitual foi apurado em R$ 2.613,00 no trimestre encerrado em maio, apresentando estabilidade frente ao trimestre anterior e queda de 7,2% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.
“Essa queda do rendimento no anual é puxada, inclusive, por segmentos da ocupação formais, como o setor público e o empregador. Até mesmo dentre os trabalhadores formalizados há um processo de retração.”, observa a coordenadora de pesquisas por amostra de domicílios do IBGE, Adriana Beringuy.
Isso pode ser efeito da própria inflação, mas também da estrutura de rendimento atual dos trabalhadores, com um peso maior de trabalhadores com rendimentos menores. A massa de rendimento real habitual (R$ 249,8 bilhões) cresceu 3,2% frente ao trimestre anterior e 3,0% na comparação anual.
Além disso, a taxa composta de subutilização é a menor para o trimestre desde 2016. No período encerrado em maio, caiu 21,8% em relação ao trimestre de dezembro de 2021 a fevereiro de 2022, quando era 23,5%, e diante do trimestre encerrado em abril de 2021, que era de 29,2%. A população subutilizada é de 25,4 milhões de pessoas, queda de 6,8% (menos 1,8 milhão) frente ao trimestre anterior, que era de 27,3 milhões.
Fonte: Jornal do Comércio
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