As novas modalidades do Pix, de saque e troco, que passam a vigorar nesta segunda-feira (29), devem beneficiar o comércio. A partir de agora, os usuários podem retirar dinheiro em estabelecimentos comerciais, como supermercados, lojas de departamento e padarias, e não apenas em caixas eletrônicos. Além disso, no momento da compra, o cliente poderá incluir, além do preço pago por serviços ou produtos, um valor a mais para receber a diferença como “troco”, caso necessite de dinheiro em espécie.
As duas modalidades são opcionais, e caberá aos estabelecimentos e instituições financeiras a decisão de aceitar ou não as novidades. No entanto, a tendência é que as ferramentas ganhem espaço entre as empresas. “As lojas que souberem aproveitar essas oportunidades terão muito mais fluxo no ponto de venda, o que é muito positivo”, avalia Sérgio Galbinski, presidente da Associação Gaúcha do Varejo (AGV), ao destacar que o saque levará mais clientes às lojas, assim como a facilidade do serviço de troco, que permitirá ao consumidor retirar o valor que ele necessita para alguma conveniência.
No entanto, é preciso atenção na hora de fechar o caixa. Galbinski lembra que, ao contrário das operações via cartão, que ficam registradas no caixa e também têm a impressão de comprovante, os valores referentes ao pix ainda não apresentam essa possibilidade. “As empresas devem procurar algum programa de automação que permita lançar esses valores”, orienta.
Para a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS), trata-se de mais uma facilidade que trará benefícios para os estabelecimentos, que poderão ter uma nova receita por meio da tarifa acertada com a instituição de relacionamento, enquanto os consumidores ganham mais opções de uso do Pix”, ressalta o presidente da FCDL-RS, Vitor Augusto Koch.
O dirigente se refere às regras anunciadas pelo Banco Central, que garantem o recebimento de uma tarifa que pode variar de R$ 0,25 a R$ 0,95 por transação, a depender da negociação realizada com instituição financeira parceira. Além disso, Koch considera que as novidades representam um incentivo a mais para que os consumidores realizem compras nos estabelecimentos.
O Pix completou um ano de funcionamento no dia 16 deste mês e, segundo o Banco Central, contabiliza, até o final de outubro desde anos, 348,1 milhões de chaves cadastradas por 112,65 milhões de usuários – 105,24 milhões pessoas físicas e 7,41 pessoas jurídicas. Cada pessoa física pode cadastrar até cinco chaves, enquanto a pessoa jurídica tem opção de registrar até 20.
Pix Troco e Pix Saque podem estimular resultados de fim de ano
A segurança das operações via pix e as facilidades que ele proporciona são consideradas um diferencial importante pelo presidente do Sindilojas Porto Alegre, Paulo Kruse, tanto para ajudar o comércio quanto para estimular a economia. As novas modalidades, segundo ele, serão um atrativo a mais. “Ter as pessoas na loja física é sempre uma oportunidade de concretizar uma venda”, assinala.
Além disso, Kruse destaca que o lançamento das duas operações nesta época de final de ano, com a proximidade do Natal, pode fazer a diferença para quem souber aproveitar a oportunidade. “Será benéfico para os lojistas que transmitirem uma experiência diferenciada às pessoas, por meio de atendimento qualificado e de produtos, serviços, preços e promoções atrativos. Por esse motivo, esperamos uma boa adesão do comércio local”, analisa.
Patrícia Palermo, economista-chefe da Fecomércio-RS, lembra que as novas modalidades transformam basicamente todos os pontos de venda em potenciais pontos de saque. “É como se todos esses lugares virassem caixas eletrônicos à disposição de quem precisa sacar recursos em espécie”, avalia, ao reforçar que a adesão dependerá da vontade dessas empresas.
Para o consumidor, além de uma maior oferta de locais para poder sacar dinheiro, a economista cita a vantagem de uma retirada de valores mais racional, uma vez que a tendência é que o consumidor solicite efetivamente aquilo que irá precisar usar, deixando mais dinheiro lá em sua conta corrente.
No caso das empresas, são vários ganhos. O de remuneração por fazer parte, que é acertada junto à instituição financeira que o comerciante tem vínculo. “Outra questão importante é o que chamamos de ‘efeito vitrine’, uma vez que, ao oferecer o Pix Troco e o Pix Saque, as pessoas buscarão esses novos serviços também irão conferir o que aquele estabelecimento comercial tem a oferecer e se interessar em comprar algo, o que representa potencial de aumento de vendas”, afirma.
Além disso, Patrícia lembra que, ao ter dinheiro em caixa, as empresas têm custos relacionados a isso, como, por exemplo, garantir a segurança para fazer os depósitos e também para manter os valores que ainda estão na loja. “Quando se tem a possibilidade de trocar esses recursos por depósitos que são feitos automaticamente na loja via Pix Troco e Pix Saque, pode-se reduzir esses gastos”, explica.
Como funciona
Pix Saque
- O Pix Saque permitirá que os clientes de qualquer instituição participante do sistema realizem saque em um dos pontos que ofertar o serviço.
- Estabelecimentos comerciais, redes de caixas eletrônicos compartilhados e participantes do Pix, por meio de seus serviços de autoatendimento próprios, poderão ofertar o serviço.
- Para ter acesso aos recursos em espécie, o cliente fará um Pix para o agente de saque, em dinâmica similar à de um Pix normal, a partir da leitura de um QR Code ou do aplicativo do prestador do serviço.
Pix Troco
- No Pix Troco, a dinâmica é praticamente idêntica. A diferença é que o saque de recursos em espécie pode ser feito durante o pagamento de uma compra ao estabelecimento.
- Nesse caso, o Pix é feito pelo valor total, ou seja, da compra mais o saque. No extrato do cliente aparecerá o valor correspondente ao saque e à compra.
Limite
- O limite máximo das transações do Pix Saque e do Pix Troco será de R$ 500,00 durante o dia, e de R$ 100,00 no período noturno (das 20h às 6h).
- De acordo com o Banco Central haverá, no entanto, liberdade para que os ofertantes dos novos produtos do Pix trabalhem com limites inferiores a esses valores, caso considerem mais adequado aos seus fins.
Tarifas
- O Banco Central informa que não haverá cobrança de tarifas para clientes pessoas naturais (pessoas físicas e microempreendedores individuais) por parte da instituição detentora da conta de depósitos ou da conta de pagamento pré-paga para a realização do Pix Saque ou do Pix Troco em até oito transações mensais.
- A partir da nona transação realizada por mês, as instituições financeiras ou de pagamentos detentoras da conta do usuário pagador podem cobrar uma tarifa pela transação.
- O valor da tarifa cobrada é de livre estabelecimento pela instituição e deve ser informado ao usuário pagador antes da etapa de confirmação da transação. “Os usuários nunca poderão ser cobrados diretamente pelos agentes de saque”, destaca a instituição.
- O BC explica ainda que os quatro saques tradicionais gratuitos realizados pelo usuário fora do âmbito do Pix Saque e Pix Troco podem ser descontados da franquia de gratuidades (oito por mês).
- Se o usuário realizar um saque da sua conta, sem ser por meio do Pix Saque ou Pix Troco, esse saque poderá ser contabilizado e sua franquia de gratuidades poderá ser reduzida de oito para sete, a critério da instituição.
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Fonte: Jornal do Comércio