Depois de amargar um ano de retração nas economias nacional e gaúcha – cálculos da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) apontam uma queda de 6,8% no PIB do Rio Grande do Sul e de 4% no do Brasil para 2020) – o otimismo está presente nas projeções para 2021: crescimento de 4% para o Estado e de 3,2% para o País. Essa expectativa positiva poderá ser ainda mais acentuada se a vacinação da população mundial contra a Covid-19 for acelerada.
O presidente da Fiergs, Gilberto Petry, admite que, quando a pandemia do coronavírus surgiu, no começo deste ano, não se imaginava o tamanho da dificuldade que vinha pela frente. “Hoje, temos um problema que, ao meu ver, tem uma maior chance de ter tudo resolvido no final de 2021 ou em 2022”, projeta o empresário. Petry justifica sua opinião ressaltando que a logística para vacinar 7,5 bilhões de pessoas no planeta não será algo fácil.
O dirigente acrescenta ainda que o setor industrial puxou a recuperação econômica do PIB a partir da segunda metade de 2020. Somente no terceiro trimestre, Petry informa que a indústria de transformação cresceu 23% e a indústria como um todo 14% no Brasil. “Isso mostra que a indústria de transformação é o segmento mais rápido em auxiliar o crescimento do nosso País, esperamos que isso faça o ano que vem ter uma recuperação efetiva”, afirma.
O vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos da regional Rio Grande do Sul (Abimaq-RS), Hernane Cauduro, recorda que o setor em que atua tinha uma expectativa de manter em 2020 uma lenta recuperação iniciada desde 2017. Porém, a pandemia frustrou essa perspectiva. O dirigente frisa que entre março e abril houve uma queda muito acentuada das operações. “Mas, se percebe que a partir de maio começou uma retomada de forma consistente”, destaca.33cbe7e3a8a7d183389fa8ad97c46ac5.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-37/html/container.html
Cauduro projeta que o setor de máquinas e equipamentos no Brasil, com esse novo fôlego, deve ter ainda um crescimento de 0,7% em 2020, em relação ao ano passado. Para 2021, a previsão é que o segmento aumente algo na casa de 5%, porque a percepção é que o mercado interno manterá a evolução e a exportação irá parar de cair. Porém, essa perspectiva positiva, enfatiza o vice-presidente da Abimaq-RS, depende de fatores como não ocorrer um enorme retrocesso com a pandemia de coronavírus e que seja levada adiante a reforma tributária no Brasil. No caso da Covid-19, o dirigente salienta que a tendência é que as vacinas logo sejam disponibilizadas e que já está havendo uma recuperação, mesmo antes da imunização.
“A partir de junho, o mercado surpreendeu bastante e as empresas estão com pedidos até o final do ano”, frisa Haubert. Para o próximo ano, o integrante da Abinee se diz otimista e relata que a associação estima um crescimento de cerca de 6% da indústria elétrica e eletrônica. Especificamente para a área da automação industrial, com o advento da Indústria 4.0 (que prevê o conceito de maior automação no sistema produtivo), esse incremento deve ser ainda maior. Segundo o dirigente, a confirmação das projeções dependerá de tudo o que já se aprendeu com a pandemia e os critérios que serão adotados em relação a restrições da circulação das pessoas.
Se alguns segmentos da economia conseguiram passar pela crise econômica gerada pela pandemia sem maiores prejuízos, outros foram duramente afetados pela situação. O presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira, comenta que o setor em 2020 deve verificar um retrocesso de aproximadamente 25% na produção brasileira de calçados. Neste ano, o desempenho deverá atingir em torno de 650 milhões de pares, similar ao que era verificado há cerca de 16 anos. Contudo, para 2021 a expectativa é de melhorar essa performance.
“Isso tudo aconteceu pelo fechamento do comércio (devido à pandemia do coronavírus) e todo mundo em casa, sem consumir por não ter acesso às lojas”, destaca Ferreira. O dirigente comenta que houve muita movimentação através do comércio eletrônico, contudo essa modalidade de compras não atende a toda população. Ele acrescenta que as limitações de muitas atividades de trabalho, lazer, esportes e até mesmo a interrupção das aulas nas escolas também fizeram com que as pessoas diminuíssem a aquisição de calçados. Uma prova dos impactos no segmento pode ser percebida com a oscilação dos postos de trabalho nessa área.
No primeiro semestre deste ano, o setor calçadista registrou o fechamento de mais de 44 mil vagas no País. Entretanto, de acordo com Ferreira, o segmento tem experimentado um período de recuperação nos meses mais recentes. Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), elaborados pela Abicalçados, entre julho e outubro foram criadas em torno de 28 mil empregos. Mesmo com o resultado, no entanto, o setor seguia na ocasião com saldo negativo de mais de 16 mil postos e estava proporcionando 11,4% menos empregos do que no mesmo período de 2019. No entanto, no começo de dezembro, o setor registrava aproximadamente 252 mil postos de trabalho diretos no Brasil.
Para 2021, o presidente da Abicalçados adianta que a tendência é positiva para a indústria calçadista, porém a grande incógnita é de como será a oscilação da pandemia. “Mas, prevemos ter um crescimento no próximo ano de cerca de 19%, em produção, sobre a base de 2020 que é ruim”, frisa. Mesmo se esse incremento se confirmar, será ainda perto de 13% abaixo do que foi registrado em 2019.
Conforme Ferreira, o Rio Grande do Sul é responsável por em torno de 20% da produção nacional e cerca de 9% do consumo de calçados. Ele salienta que a expectativa é que a vacina seja disponibilizada o quanto antes, o que evitará que o comércio feche novamente.
Fonte: Jornal do Comércio
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